Por que eu me apaixonei pela Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT)?
Muitas pessoas costumam me perguntar com o que eu trabalho. Resolvi escrever sobre isso dessa forma. E digo mais, esse não vai ser o único texto sobre esse tema. Trabalhar com Contextuais me dá a oportunidade de integrar elementos teóricos que também sejam contextuais, por assim dizer, levando em conta os processos clinicamente relevantes para o que as pessoas que vêm até a terapia querem viver (ou deixar de viver) em suas vidas. Boa leitura!
Sara Kleinschmitt
7/16/20253 min read


Trabalhar com a ACT é, para mim, muito mais do que aplicar intervenções baseadas na ciência comportamental contextual. É me comprometer com uma forma de estar na vida e no mundo. É reconhecer que a dor emocional faz parte da vida, e que fugir dela como uma obrigação, por mais natural que pareça na vida contemporânea, pode nos afastar daquilo que realmente importa.
A ACT nos ajuda a viver com mais autenticidade, presença e sentido. E ela me ajuda a estar assim nas sessões também. Em vez de tentar controlar ou evitar pensamentos e emoções difíceis, ela nos convida a acolher a experiência com abertura, e a agir de forma comprometida com a vida que queremos, mesmo diante do desconforto.
Esse movimento não acontece de forma mágica e nem é tão fácil como ler essas palavras. Ele passa por quando reconhecemos a nossa história de aprendizados, ou seja, tudo aquilo que fomos condicionadas a evitar, controlar ou esconder para não sentir dor… e continua atravessando os desafios de cada dia no presente. A ACT não romantiza as coisas e, por mais romântica que eu seja, especialmente isso me atrai. Ela nos traz pra realidade da experiencia humana, como ela verdadeiramente é.
Por trás da ACT está a RFT — Teoria das Molduras Relacionais (Relational Frame Theory), que nos oferece uma explicação sofisticada e embasada sobre como a linguagem humana funciona. A RFT nos mostra que é a nossa incrível capacidade de criar relações simbólicas entre palavras, imagens, memórias, sensações que nos permite planejar, aprender, imaginar… mas também sofrer. Conseguimos, com ela, entender que não sofremos só pelo que acontece, mas também pelo que pensamos sobre o que acontece. Por isso, tentar “parar de pensar” ou “controlar” pensamentos dolorosos costuma piorar a dor, e não aliviá-la.
Trabalhar com ACT é cultivar presença: estar aqui, no agora, com tudo o que há, sem precisar que tudo esteja “bem” para poder viver. É abrir espaço interno para a experiência, e com isso ampliar a liberdade de escolha.
É, também, praticar, momento a momento, desfusão. Perceber que, tanto na minha experiência, quanto na da pessoa que está comigo na sessão, pensamentos não são ordens, verdades ou ameaças. São só… pensamentos. Eventos internos. E que posso (podemos) aprender a ter uma relação de mais liberdade com eles.
É sustentar o contato com o momento presente, através do mindfulness, não como técnica isolada, mas como modo de viver. Estar realmente aqui, com o outro, com a vida, comigo.
E é, acima de tudo, trabalhar com valores: descobrir o que é profundamente importante pra cada pessoa e construir ações comprometidas com essa direção. Mesmo que doa. Mesmo com medo. Porque isso é viver com integridade. E fazer, primeiro, isso na minha vida também.
A ACT também mudou minha forma de olhar para os diagnósticos. E veja, mudou a forma de olhar; não me fez parar de olhar. Apesar de ser uma abordagem que olha para os processos internos com uma olhar transdiagnóstico, ela me ajudou a compreender ainda mais a eles. Só que com uma compreensão do sofrimento com mais contexto, mais profundidade e mais humanidade.
Na prática clínica, a ACT me instiga a viver ela de dentro pra fora. Me permite construir espaços de intimidade real, onde o vínculo se torna terreno fértil para o cuidado, o autoconhecimento e a mudança genuína. Onde não estamos apenas tratando os sintomas, mas interagindo com a humanidade de cada pessoa em sua complexidade.
É por isso que eu me apaixonei!
Porque ela me convida, todos os dias, a viver de forma mais conectada, mais presente, mais alinhada com o que eu valorizo. E me convida também a oferecer esse mesmo convite às pessoas que chegam até mim.
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